COVID e Comunidade na Latinoamérica
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ATIVISMO
Silvany Euclênio, Editora e Moderadora, Pensar Africanamente YouTube Channel (Brasil)
Mestre, educadora social e ativista do Movimento Social Negro, Euclênio é formada em História. Atuou como Secretária Nacional de Políticas para Comunidades Tradicionais, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Presidência da República (2011 a 2014).
A pandemia COVID19 encontrou no Brasil um ambiente favorável para uma verdadeira tragédia: um governo autoritário, racista, misógino de negação e uma estrutura marcada pela profunda violência e desigualdade racial. Mais de meio milhão de vidas foram perdidas, afetando assimetricamente a população negra. Por outro lado, houve uma intensa mobilização dessa mesma população nas periferias urbanas e comunidades rurais, desenvolvendo suas próprias estratégias de proteção e cuidado mútuo, principalmente sob a liderança das mulheres negras, na absoluta ausência de ação coordenada do Estado. O Canal Pensar Africanamente surgiu nesse contexto, como ferramenta de comunicação voltada para o empoderamento dos negros e para o fortalecimento de suas lutas contra o racismo e pela cidadania.
EDUCAÇÃO
Ana Fanelli, Pesquisadora Sênior do CONICET no Centro de Estudos do Estado e da Sociedade (CEDES) (Argentina)
Fanelli trabalha no Centro de Estudos estaduais e sociedades (CEDES), em Buenos Aires, onde atuou como diretora (2008-12). Publicou extensivamente sobre políticas comparativas no ensino superior na América Latina e participou como pesquisadora sênior em projetos internacionais de pesquisa comparativa. É doutora em Economia pela Universidade de Buenos Aires e mestre em Ciências Sociais pela Escola Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO). Sua pesquisa atual se concentra no ensino superiore seu impacto nas taxas de equidade e graduação.
Fanelli discutirá brevemente as principais medidas tomadas pelas universidades argentinas para enfrentar as atividades de ensino durante a pandemia e alguns desafios para o futuro, dada a situação educacional e econômica crítica pela quais a Argentina está passando. Uma visão otimista surgiu globalmente em relação às oportunidades de inovação na educação que emergem como uma janela de oportunidade após as mudanças que a pandemia impôs. Ela se concentra nos obstáculos que as universidades argentinas enfrentam para aproveitar essa janela de oportunidade. Esses obstáculos incluem a alta proporção de graduados do ensino médio de baixo desempenho, a escassez de recursos financeiros, a divisão digital institucional e os contratos de trabalho de meio período.
CULTURA POPULAR
Marilande Martins Abreu, Professora de Sociologia da Universidade Federal do Maranhão – Centro de Humanidades (Brasil)
Martins Abreu é líder do Grupo de Pesquisa sobre Religião e Cultura Popular-GP Mina, no qual coordena e orienta pesquisas interdisciplinárias entre Antropologia e Psicanálise. Atualmente realiza estudos etnográficos sobre práticas religiosas, rituais, festivais populares, crenças e pessoas no Tambor de Mina. Dirige, em colaboração com a Professora Simone Ferro, o projeto de pesquisa, Comunidades Tradicionais e Ancestralidade Africana, que explora o papel das mulheres nas religiosidades da matriz africana e da cultura popular. Professora Martins Abreu também investiga os perfis socioeconômicos, geográficos, culturais e de vulnerabilidade de travestis e transexuais no Estado do Maranhão.
Sua palestra vai contextualizar a pesquisa durante a pandemia e destacar a importância – ritual e simbólica – que as mulheres ocupam no Tambor da Mina, prática religiosa com base matriarcal existente no estado do Maranhão, no norte do Brasil. Ela baseará sua apresentação no Terreiro de São Benedito/Justino, fundado em 1896, e dirigido por mulheres desde sua criação.
Nadir Cruz, Líder de cultura popular, Maranhão (Brasil)
Cruz é uma empresária, oradora, líder comunitária, delegada cultural e ativista. Desde 1979, trabalha com a cultura popular no Maranhão como membro e líder do grupo folclórico Boi da Floresta, de mestre Apolônio, atualmente como vice-presidente do grupo. Há vários anos é membro da Comissão Maranhense de Folclore e coordenadora e produtora executiva do projeto cultural Floresta Criativa, patrocinado pelo BNB-Cultural, SECMA e Ministério da Cultura do Brasil (MINC). Foi responsável pela coordenação de oficinas de bordados usados em trajes tradicionais de bumba-meu-boi e pela produção de máscaras de Cazumbá (máscara), personagem bumba-meu-boi do estilo da Baixada Maranhense. O objetivo do projeto foi capacitar jovens e adolescentes em artes culturais tradicionais. Cruz é afiliada ao Departamento de Dança da UWM, que recebe alunos do Estudo da Professora Simone Ferro no Exterior na sede do Boi da Floresta, onde aprendem sobre bordados, música e coreografia.
Cruz falará sobre os desafios contínuos das mulheres negras em comunidades marginalizadas e sua marca seminal na cultura popular deste estado, que se tornou ainda mais frágil durante a pandemia Covid-19. Ela e mulheres como ela ajudam a preservar a cultura negra e a memória tradicional na região. Ela fala sobre a história da liderança feminina e a questão de como a cultura popular pode ser um meio de mudança social dentro de seus espaços de convivência. Ela enfatiza que a cultura não pode ser vista em uma única dimensão, mas a partir da visão mais ampla das relações sociais, da mobilidade econômica e das complexas relações sociais de seu cotidiano.